quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

AJALÉ, E O ORIXA DA GRANDEZA...

Ajalé e a escolha de ÒRÍ
"KÓ SOOSA TÍÍ DANI GBÉ, LEYIN ENI ÒRÍ"
Nem Deus abençoa o homem, sem que sua cabeça o permita.

Uma vez um Balé (representante de uma região) num jogo de Ifá, perguntou a ÒRÚNMÌLÁ: __ Quem seria capaz de nos levar ao Layo, Ola é Odara Infinito? (tudo de bom que o homem pode ter)
Ele já havia perguntado a SANGO; ele o respondeu que quando chegasse a OYÓ e lhe dessem certas comidas, ele satisfeito voltaria à sua casa, abandonando a pessoa. Perguntou o mesmo a OYÁ, e ela respondeu, que quando chegasse a qualquer cidade e lhe dessem certas comidas, ela satisfeita voltaria para casa.
O Balé perguntou para Òbatalá e ele respondeu que quando chegasse à cidade de Ifé, comesse, aí então ele ficaria satisfeito e voltaria para casa. Se nem Òbatalá é capaz de nos levar ao Infinito, então, quem é capaz?
Perguntou a ÈSÙ: "- Se você caminhar, caminhar e chegar a Keto, e lhe derem 1 galo no dendê ? Ele respondeu: - Que Comeria e quando estivesse satisfeito voltaria para minha casa. Resumo: enquanto dermos comida ao nosso Orixá, ele nos cobre e depois se recolhe.
Isto o Balé indagando, então quem nos leva a grandeza do infinito.

Voltou a perguntar de novo a Orunmilá:
__Então, ninguém é capaz de nos levar a grandeza do Infinito? Quem será? Tal conhecimento, tal sabedoria, quem a tem, quem detem este poder?
IFÁ respondeu."- Somente o Orixá ÒRÍ é capaz de nos levar a grandeza do infinito, até o final de nossa vida.
Conclusão: Mesmo se nosso Orixá está bem, só ficará tudo bem se o nosso Òri estiver também. Primeiro damos comida a Òri no borí, e depois ao Orixá. Não há Orixá raspado errado, desde que o Òri aceitou. Acima de nosso Orixá individual, está o nosso Òrì. Damos ao òrì, e receberemos em dobro, triplo sempre a mais.
O aprendizado de um Babalorixa, deveria partir da máxima no estudo ao Orixá Ori.

Ou seja: "Aquilo que nós fazemos, é em nosso próprio benefício. Aqueles que fazem o mal se arrependam. Que as pessoas aproveitem o conhecimento em função de coisas boas. Aqueles que parasitam, não destruam a fonte da sabedoria."


ORIN ÒRÌ
Òrì mi ò sérere fun mi
Meu orí faça o bem para mim
Òrì mi ò sérere fun mi
Meu orí faça o bem para mim
Òrì oka ni sanu oka
Òrì ejo ni sanu ejo
A cabeça da serpente não a maltrata
Afo mope ni sanu ope
A trepadeira da palmeira não a maltrata (parasita)
Òrì mi ò sérere fun mi
Meu orí faça o bem para mim

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Egungun Ancestralidade, minha, sua de todos...

Egungun Ancestralidade.

De acordo com o Corpus literário de Ifá, Orí reside alternativamente na terra (àiyé), onde somos conhecidos como ará àiyé (habitante da terra) e no Òrun, espaço ancestral, onde somos conhecidos como Ará Òrun, ou cidadão do Òrun. Sendo assim, podemos concluir que a crença na ancestralidade esta baseada em dois conceitos extremos:

Aiyé - mundo concreto

Orun - espaço ancestral

É sabido por todos, que o seres humanos têm sua origem ligada a um destino que começa a ser determinado no momento da fecundação, e que, sendo assim, o mesmo passa por dois estágios, nascimento e morte, ou seja dois nascimentos, uma vez que na concepção yorùbá, a morte não é o fim e sim, apenas o inicio de um novo ciclo.

O Emí (função vital que interage junto a Orí) perpetua-se uma vez que o mesmo está associado ao nosso duplo no Òrun (egbé Òrun), sendo assim independente de que ciclo o Emí esteja associado, o mesmo circula entre o Òrun e o Àiyé, criando um movimento e assim a possibilidade de manutenção concreta da energia ancestral.

Sendo assim, podemos concluir que sem a presença de Orí, e também do Emí, tornasse sem sombra de dúvidas, impossível cultuarmos a ancestralidade

Babá Egúngún Olomo ki nsun o

Maa sun ki o maa gbagbe Ile

Ma fi owo digi Igbagbe mu lorun.

Um Ancestral que possui filhos e devotos não dorme

Não dorme e não esquece sua casa

No Òrun meu pai, jamais abrace a árvore do esquecimento

(Jamais se esqueça das pessoas que te louvam).

Independente da idade do Babá Egún, com certeza, o mesmo para ser assentado necessitou de Àse pessoais da pessoa a qual aquele ancestre trará proteção e o seu culto na comunidade fez com que com o passar do tempo o mesmo abençoasse seus devotos, saindo apenas do âmbito familiar.

Então faremos a clássica pergunta , se Babá Egún está ligado a ancestralidade individual, como o mesmo pode abençoar mais de um devoto ? e também como seria possível um Ojé invocar e evocar seu Babá Egún independente do local que se encontre ?

A resposta a essa questão é muito simples e se encontra presente em uma parte de um determinado Oríkì direcionado a Babá Egún:

Mo ri akuko kan soso bo igba egungun

Eu tenho um único galo para oferecer a 201 egungun

Iba eni soje ki nto mora sé

Edun gbonraganda

A gbe aye gbe oru

O grande venerável que vive entre os vivos e os mortos

que se dobra em milhares de partes

cidadão vindo do Òrun distante

Em relação ao fato de um Babá Egún ser assentado somente em último caso em uma casa de Òrìsà, acontece uma discordância dentro da tradição africana por diversos fatores:

1) A ancestralidade e algo concreto , enquanto existir o homem, tempo e desejo, existirá o culto a Baba Egún. Em outro oríkì de Babá Egún, dizemos que por mais problemas que tenhamos, nós que temos nossos ancestrais no Òrun estamos tranqüilos, pois todas as nossas aflições e a solução das mesmas se encontram nas mãos de nossos Babás.

2) É necessário entendermos as diferenças entre iniciação e assentamento:

Iniciação: Despertamos nos seres humanos características que já se encontram presentes em nosso Orí.
Assentament
o: Buscamos suprir algo que não esteja presente em nossa essência.

Sendo assim, o culto a ancestralidade é algo presente na vida dos seres humanos, uma vez que um ser humano sem seus ancestres é o mesmo que uma árvore sem raiz. O fato de que todos podem e devem cultuar sua ancestralidade, seja para buscarem maior movimento em sua vida, seja apenas para agradecermos aos ancestrais a oportunidade de estarmos vivos, seja pelo simples fato de estarmos em contato com energias que foram de suma importância para manutenção de nossa família, nada têm a ver com a questão dos mesmos poderem ou não se tornar sacerdotes de Babá Egún.

Oku olomo ki nsun, o di owo baba mi lorun.

Um ancestral não dorme, não esquece as pessoas que deixou para traz; a solução de todas as dificuldades em minha vida está nas mãos de meus ancestrais no Òrun

Acredito que ao avaliarmos os acontecimentos e a estruturação do Culto a Babá Egún na diáspora, seja ela brasileira ou cubana, devemos em um primeiro momento separarmos fundamentos religiosos e condicionamento cultural.

Acredito que pessoas que vieram antes de nós, fizeram o possível para que nossas tradições se mantivessem através dos tempos e o fato de eu, particularmente, ter optado por seguir o Culto Tradicional em momento algum tira meu respeito, conhecimento e admiração pelas nossas tradições e conseqüentemente pelas pessoas que lutaram para que ela se perpetuasse.

Porém, reconheço que muito se perdeu. E a falta de determinados conhecimentos fez com que um certo misticismo criasse um determinado temor para justificar muitas práticas.

Aqui dizíamos, até muito pouco atrás, que mulheres não participam do culto a Babá Egún, mas podemos perceber em um dos mais variados Oríkì - Ewi - Esa justamente o contrário:

Bi obinrin mo awo

Bi okunrin mo awo

ko gbodo wi

ko gbodo fo

ko gbodo so

Egungun ile Egbe Ijo Agboniregun ooooo

Omo a reku , tosi nu

Odun Baba wa la nse o

Igba yi a gbe wa

A mulher que conhece o segredo, não deve revelá-lo

O homem que conhece o segredo, não deve revelá-lo

Eles não devem abrir a boca

Eles não devem falar

Chegou o Egúngún da Egbé Ìjo Àgbonìrègún

que venerando seus ancestrais afasta a pobreza e a doença

estamos venerando nosso pai,

esse tempo nos será favorável.

Aqui dizemos que não se pode tocar em Babá Egún, que o contato com a roupa e prejudicial, mas o que vemos em território africano e totalmente diferente.
Babá Egún com crianças no colo, abraçando seus filhos e devotos, muitas vezes inclusive, louvando, e pedindo proteção a crianças:

Egungun ile Egbe Ijo Agboniregun ooooo

omo lagbaja re o

ma je iku o pa o

ma je arun o se

je o dagba

ki o gbeyin baba ati iya

ki o se ori re

ma je oso , ologun ika o ri pa

ma je aje ologun ika o ri pa

Egúngún da Egbé Ìjo Àgbonìrègún ooooooo

aqui esta o filho de :

proteja-o contra a morte

proteja-o contra a doença

ajude-o a viver bastante

que ele não morra antes dos pais

que tenha muita sorte na vida

proteja-o para que não seja destruído pelos feiticeiros

proteja-o para que não seja destruído pelas feiticeiras.

Em momentos de dificuldade, crises familiares co-sangüíneas ou religiosas, Babá Egún, muitas vezes atuam como juízes, uma vez que os envolvidos são levados a sua presença e após a apresentação e correta evocação, são feitos os relatos do ocorrido.

As citações acima mostram a influência e a importância da ancestralidade nas relações sociais e cotidianas. Um ancestral insatisfeito com comportamentos sociais inaceitáveis, como adultério, desrespeito aos mais velhos, transgressões de interdições ou o não cumprimento de leis que regem a vida social do povo, muitas vezes atua como conselheiro avaliando as situações e aconselhando seus filhos e devotos para que a ordem seja restabelecida.

Além de prestar auxílio ligado à ordem social, os ancestrais são evocados para auxiliar no progresso da agricultura, garantindo chuvas e boas colheitas, etc... .

E impossível avaliarmos os acontecimentos passados para que possamos entender por que o Culto a Babá Egún foi desassociado do Culto a Òrìsà. Mas devo mencionar que o mesmo ocorreu com o Ifá.

Na Nigéria e no Benin, esses cultos não são diferentes, interagem juntos, são partes de um todo e a verdade maior disso tudo está na Igbá Odù ou cabeça da existência, representando os dois espaços, Ceu e Terra, Òrun e Àiyé e as divindades e manifestações energéticas que interagem em conjunto.

Em meu ponto de vista é impossível falarmos de nossa religião, sem darmos aos ancestrais o verdadeiro papel que eles merecem. Ancestrais não devem ser temidos, devem ser amados e louvados, e nós sacerdotes capacitados para trazermos o conhecimento e a liturgia ancestral devemos nos conscientizar assim como os demais praticantes, a importância de ter acesso as possibilidades criadas ao estarem em contato com os mesmos.

Não existe diferenciação dos Babá Egún cultuados na Ilha , dos cultuados no Benin ou na Nigéria, ou mesmo os que podem vir a ser cultuados nos Ile Lesé Òrìsà, existe a necessidade de conscientizarmos e prepararmos sacerdotes para que possamos lhes render homenagens.

ORIKI

Iba nbe lenu mi o o

Ase si nbe lowo ara orun

e maa je iba o wun wa o o

ase te fun wa , oun la nlo

bi o ba si ato ase ki ndomo

bi o ba si ase ato ki ndomo o o

awa lase

enyin lato

awa lato

enyin lase

A forma correta de saudar esta em minha boca

O àse está junto ao venerável cidadão que vêm do céu

permitam que minhas saudações sejam favoráveis

estou evocando o àse que você nos deu

Sem o poder do sêmen o ovulo não fecunda

sem o poder do óvulo o sêmen não fecunda

Vocês são sêmem

nos somos os óvulos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

ÒGÚN / ALAKORO

Ogum (em yoruba: Ògún), senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, e existe templos em Badagri, Ondo Ondo, Osogbo, Ilé Ifé, Ekiti, Oyo e em quase todo panteão Yorubá. Era o filho mais velho de Oduduwa, ajudou fundar Ilé Ifé com Oduduwa, identificado no jogo do merindilogun pelos odu Etaogunda e Obeteogunda, e no jogo de Opele como Ogunda-Meji, representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba Ògún, com muitas ferramentas manuais (ferramentas estas de trabalho manual).
Ogum é considerado o primeiro dos orixás a descer do Orun (o alem), para o Aiye (espaço fisico/Terra), após o termino da criação deste mundo, Ogum visando uma futura vida evolutiva, pediu a Olodunmaé. Em comemoração a tal acontecimento, um de seus vários “Titulos” Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra" ou o lado esquerdo dos imole.
Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado “Ire-Ekiti”.
Na mitologia Yorubá foi como um caçador chamado “Tobe Ode”.[2]
É filho mais velho de Oduduwa e Yenbo (que também era chamada de OLOKUN), o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.
Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Sua origem, de acordo com estudiosos, data de eras remotas da História humana. Ogum é o último imolé.
Os Igba Imolé eram os duzentos Imolé da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos Imolé da esquerda o caminho calmo para Terra.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele detem a criação de todas ferramentas da Terra, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza e a produzir mais.
O lado guerreiro de Ogum, queria a todo custo expandir o reino de seu pai Oduduwa, com isso expandir seu nome. Dessas expedições, ele trazia sempre muitas riquezas e numerosos escravos. Guerreou contra varias cidades e venceu todas, usando ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê". aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso para Ilé Ifé.
Tem semelhança com o vodun Gu.
Gu é a denominação fon do vodun senhor da guerra, da metalurgia, da cirurgia e das escarificações. Aparentemente, o culto de Gu foi introduzido no atual sul do Benin no final do século XVII, assim alguns estudiosos afirmam, por ferreiros e cirurgiões Yorubás, e se tornou bastante popular, sendo cultuado nos templos e conventos de praticamente todos os demais voduns, além de ter os seus próprios. O emblema principal de Gu é o gubasá, que é um tipo de Facão metálico adornado com desenhos místicos, utilizada em diversos rituais, incluindo o culto de Fa (Ifá-Orunmilá para os Fon), para abrir caminho para o mundo dos espíritos. Em segundo plano fica o gudagló (tipo de facão pequeno), menor que o gubasá e que Gu utiliza para defender seus filhos dos inimigos.
Para o povo fon, o vodun Gu é representado por estes dois sabres, o gubasá na mão direita e o gudagló na mão esquerda. Tem semelhança com o orixá Ogum dos Yorubás.

Na Santeria cubana (culto a Orisa em Cuba), Ogum é dono dos montes junto com Oxossi e dos caminhos junto com Exu. Representa o solitário hostil que vaga pelos caminhos. É um dos quatro Orishas guerreiros. Suas cores são o verde e preto.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Oriki "A força da Palavra"

Oríkì constitui a FORÇA DA PALAVRA, E EXALTAÇÃO E O ENCANTAMENTO DO EBÓ, IGBA, base da poesia elogio formal. Oriki e Ijalá são os mais freqüentemente para os "ORISA", e eles geralmente são elogiosos. Embora não muito comum hoje em dia entre os Cultuadores de ORISA NO BRASIL. Mais forte na Cultura Yorubá, principalmente entre os Babalawo, tudo e a base de Oriki, falado ou cantado.

EX. Ojo Kure, Ogun Alagada

Ojo ò nilo, omo Adie Dagba

Ojo wa Nilo omo Adie ko ku kan.

Un Ojo nós lodo

Gbogbo omoge yo wóse

Ojo Kure, Alagada Ogun

Tradução.

Na ausência de Ojo, pintos de crescer até à maturidade

quando está em casa,

os pintos são devorados Ojo,

enquanto toma seu banho no rio,

todas as jovens senhoras vêm com sabão..


A Força do oríkì evoca a sensação de bem-estar do ORISA ou seu poder, suas Glórias no caso de Ebos seu feitiços, feitos com resultado rápido. Tem uma citação completa a ser apresentada. Esta experiência quando você mais aprende mais quer aprender, se não todos os Oriki, você sabe que terá poder se souber mais e mais. Os Oriki e falado ou cantado para os chefes e personalidades, sempre que visitar o Ilé Ase, casa, ou governante de um local.


Alguns afirmam oríkì:

"Àjànàkú ko ni èèkàn,

Oba tí yoo erin Mú assim ko tii e j

O elefante não tem nenhum lugar em que é amarrado;

o rei que vai amarrar o elefante não foi coroada.

Isso demonstra, portanto, o grande poder do Alaafin sobre os outros, ainda mais quando ele é descrito como:

Aláse igbá Keji Òrìsà

Uma com a autoridade próxima somente aos deuses.

O elefante é frequentemente elogiado em alguns oríkì (nomes de louvor) como:

Erin oníbú owo

Alágbàlá Okun

Elefante proprietário da riqueza abundante

e pisa no mar.

Estes elogios sumariamente simbolizam a riqueza do Alaafin no mural. Em outro oríkì o elefante é descrito em relação ao Oba.

Erin á gbe nú ibo yan bii ba

Elefante mata o morador que caminha majestosamente como um rei.

Outros Oriki descrevem, erin como:

àjànàkú, Okan soso Araba tii mi ibo kìjikìji

elefante, o gigantesco único como árvore Araba que sacode violentamente a floresta.

Isso em referência ao Alaafin mostra-lhe como o poderoso entre todos os Oba.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Conhecimento de Ifá

Conhecimento de Ifá

estudo do oráculo de Ifá

"Orunmilá não impôs ao ignorante a obrigação de aprender, sem antes ter tomado de quem sabe, o juramento de ensinar”.

Existe uma tendência no ser humano de reduzir os novos fenômenos com que ele se defronta a idéias e definições preexistentes em sua mente oriundas de fatos anteriormente conhecidos. Esta redução dificulta uma visão e uma interpretação corretas do que se analisa. Assim, os fatos culturais dos negros do Golfo do Benin nos seus cerimoniais e ritos transformam-se, nesta visão deformadora, em religião primitiva.

O Candomblé não é primitivo e muito menos apenas uma religião, antes de tudo, este conjunto de preceitos, regras, ritos e práticas forma um conceito litúrgico é uma técnica que permite o confronto com a natureza e com seus semelhantes, com o homem e o seu “EU” utilizando a energia de sua própria mente (o Òrí).

Os Òrísá (de Òrí: cabeça, mente; Àsé: força, magia) não existem fora da mente humana, não são deuses primitivos de um panteão imaginado pela concepção cultural do branco nem são espíritos de luz comandando "falanges" de almas como os idealizam os descendentes dos povos bantos, associado ao fenômeno da cosmogonia Yorubá à sua cultura religiosa, que se fundamenta no culto dos ancestrais.
Devemos despir o Candomblé da carga sincrética que for desvirtuante, para fazer emergir o entendimento do que é a mais pura tradição Yorubá. Os rituais e cerimônias não serão descritas, pois isto já foi feito e muito bem por mestres como Descoredes dos Santos, Fred Aflalo, Roger Bastide, Pierre "Fatumbi" Verger e tantos outros.

O que realmente importa, é comentar cada cerimônia, cada festa, cada fundamento e cada obrigação, buscando sua explicação purificada do misticismo branco ou banto, para fazer aflorar a verdadeira função de "Òrí", único alvo e agente do culto nagô, e a de "Ifá" como orientador e verdadeiro Oluwó.

A intenção deste redimensionamento não é diminuir a importância dos fatos, mas sim, um engrandecimento, na proporção humana, para que se desvende a sua grandeza original. Fazer voltar a luz, saindo das trevas da “religiosidade ignorante”, na sabedoria milenar que permite desenvolver a capacidade do homem de se situar e de interagir na sua formação, na natureza e no convívio social.

Se recusando a divinizar Òsàlá, satanizar Èsú ou santificar todos os Òrísá, devemos isolar os erros, afastar os temores, expulsar os demônios brancos de nossa ontogonia, abrindo as portas a entendimento, o que permitirá que mais pessoas possam utilizar este importante sistema de controle da própria mente e, em conseqüência, dos fatos naturais e sociais nos quais atua.

X Poema de Ifá: A luta entre Ifá e as Ajé.

"NI ÒRÚNMILÁ BÁ TI ÀSÉ ÈSÚ BONU"

- Então Òrúnmilá colocou o àsé de Èsú em sua boca.


O ser humano sempre questionou o motivo de sua estadia sobre a Terra e, principalmente, o mistério que envolve o seu futuro. A insegurança em relação ao porvir fez com que o homem tentasse de diferentes maneiras, preverem o que lhe estava reservado, precavendo-se desta forma, da má sorte, ao mesmo tempo em que assegura a efetivação de acontecimentos tidos como benéficos. Muitos são os processos utilizados nestas finalidade e, no decorrer dos séculos, diversos sistemas oraculares fora desenvolvidos e consultados com maior ou menor possibilidade de erros e acertos. Dentre os sistemas oraculares utilizados pelas pessoas na ânsia de descobrir o futuro ou contatar as deidades com a finalidade de desvendar o motivo de suas provocações, destacamos alguns como a Cartomancia, a Quiromancia, a Geomancia e a Astrologia, que por sua popularidade e contabilidade, continuam a ser muito solicitadas nos dias atuais. Quase todos os oráculos, independentemente de sua origem cultural, tendem ao aspecto religioso, sugerindo sempre uma prática ritualista de caráter muito mais místico que científico. No Brasil, o sistema divinatório mais amplamente divulgado, aceito e praticado, é o popularmente denominado "Jogo de Búzios" que tem sua origens nas religiões africanas, mas especificamente no culto de Òrúnmìlá, o Senhor da Sabedoria, aquele que tudo vê e Sabe, porque há uma grande diferença em saber e sabedoria. O presente trabalho apresenta-se como uma proposta essencialmente didática que por isto mesmo, não assegura à pessoas não iniciadas o direito de ter acesso ao oráculo. Pois como será explicado mais adiante, o Jogo de Búzios, como quase todos os demais processos adivinhatórios , tem como pré-requisito a iniciação por parte do adivinho, assim como a consagração dos objetos concernentes à prática oracular. Segundo alguns Babalawos, somente eles podem através do Jogo dos Ikins, determinar o ODÚ de qualquer pessoa. Isto é contestado em várias literaturas sobre o assunto, com muita veemência.
O princípio do ÀSÉ está presente em todos os elementos naturais animados e inanimados e é oferecido ao homem através do seu ÒRÍ pelo ÈSÚ. Èsú é também o portador dos sacrifícios e oferendas, OJISÉ-EBÓ - carregador de ebó. O ebó é o ato pelo qual o homem devolve a natureza parte daquilo que recebeu e pleiteia novas benesses. O ebó renova o Àsé pessoal, presente nos assentamentos do ofertante, ou seja, nos objetos rituais nos quais se fixaram os seus compromissos com seu ÒRÍSÀ (dono do ÒRÍ). Esú conduz o ebó ao destinatário, o ÒRÍSÁ, que, interdependente do Òri do próprio homem, recebe a oferta, reforça e acrescenta o ÀSÉ, que outra vez é trazido pelo Èsú para permitir ao ofertante a mudança da realidade e do destino desejado. Dar-receber, e, síntese de acrescentar é a ação de ÈSÚ OJISÉ-EBÓ, integrando dialeticamente o homem ao mundo exterior. É o ato que reintegra o indivíduo na harmonia cósmica pela absorção e restituição de energia, princípio mesmo a existência humana. A posse do ÒRÍ pelo ÒRÍSÁ não se confunde com a despersonalização total e posse mediúnica dos terreiros espíritas de "macumba". Os "encantados" (Iyawô e Eleguns = mulheres e homens iniciados na roda de encantados), não se despem da sua personalidade, mas acrescentam ao seu ÒRÍ, as forças vitais da natureza e de sua comunidade sintetizadas em seu Òrísá. Não se tornam uma entidade alienígena, superior, divina ou santa. O Òrísá manifestado não precisa falar, comer ou beber para se expressar. A sua dança característica o identifica e expressa a energia de sua presença. Na concepção Yoruba, o humano possui 3 elementos associados que olhe permitem atuar como ser vivo: ARA / EGBÉ - corpo material; EMI - a respiração (energia vital que anima o EGBÉ) e o ÒRÍ - a mente ou a cabeça (o mais importante, dotado originariamente de uma herança ancestral). Nenhum desses elementos, entretanto, quando dissociados, possui personalidade própria, e tanto o EMI como o ÒRÍ não correspondem à idéia cristã ou espiritualista de alma". O EMI, separado do EGBÉ permanece como energia pura, podendo animar qualquer outro ser. O ÒRÍ, como vimos, porta a esperança ancestral sintetizada e implícita nos 4 elementos: OMI (água), IBI ou ARÔ ou ILÊ (terra), INÁ ou GBINÁ (fogo) e AFEFÉ (ar). Estes elementos que permitem a fixação do Orisá no Orí, de acordo com sua identificação ou tendência, como, por exemplo: Sangò - INA; Omolú - ILE; Osun - OMI e Obatalá - AFEFÉ. Pela iniciação se dá a recriação do Ser na integração definitiva do EGBÉ e EMI com Orí, através da "feitura da cabeça". É ainda o SEU, no BARA, que sintetiza dialeticamente as entidades ligadas ao funcionamento fisiológico do indivíduo: ANUN (GEGE) / ENU (boca), AGBENDÚ / INU (estômago), EYA (sexo) e WIWI / IFÓHUN / ORÓ (fala). O Ser adquire sua personalidade definitiva com o BARA, com a síntese do EBGÉ com o EMI e o ÒRÍ. Na sua morte, pelo ritual do ASESE, libera-se o ÒRÍSÁ (o dono da cabeça e o ÈSÚ individual), também no ÒRÍ se acumula o ÀSÉ. O ÒRÚN não existe sem AIYE e ambos dependem do desenvolvimento do ÒRÍ. A evolução do ÒRÍ é um trabalho constante de seu portador, o homem, desde a escolha do ÒRÍSÁ certo, pela leitura de seu ODU pessoal obtido pelo Babalawo ou Iyalòrìsá no jogo de búzios ou pelo ÒPÈLÉ IFÁ. Desde seu conhecimento de seu ODÚ pessoal, o homem inicia seu BARA, passa a cumprir sua obrigações" com seu ORIXÁ e, assim, desenvolve e revitaliza o seu ÒRÍ. É este ÒRÍ que possibilita homem a formar e a mudar o seu destino e transformar a própria natureza ao seu redor. Para os Yoruba, o homem que, em sua constante evolução dialética, desenvolve em vida o ÒRÍ pela magia do ÀSÉ e recria na morte pela contradição implícita do ARAORUN (que surge do próprio òrí); o eterno princípio. Dessa forma, identificam no amor humano o maior dos ÀSÉ, o grande princípio. O conhecimento do ODU pessoal é, como ficou claro, de suma importância para que se encontre o perfeito equilíbrio na vida, seguindo as orientações contidas no ratado do seu ODU, o ser humano poderá prosseguir em sua vida com total segurança, evitando os percalços ocasionados pela quebra de tabus, que nos levam a situações inusitadas e indesejáveis de desconforto e infelicidade. É muito raro encontrarmos pessoas que sejam de ODU MEJI e a possibilidade matemática de que isso possa ocorrer é muito remota. Todos tem o direito de orientar suas vidas, buscar o equilíbrio e a segurança que o conhecimento das mensagens contidas nos seus ODU pessoais podem proporcionar e isto só é possível através da consulta ao Oráculo de Ifá, devendo serem desprezadas todas e quaisquer técnicas baseadas em cálculos matemáticos, feitos, quer seja a partir da data de nascimento da pessoa, quer seja pela numerologia de seu nome. O Oráculo Divinatório de Ifá é praticado há muitos e muitos séculos, sendo originário do coração da África Negra, desde uma época em que as pessoas sequer conheciam o calendário, não sabiam as datas dos seus nascimentos, não liam, não escreviam e não dominavam a Aritmética.
De que forma, questionamos, poderiam saber qual a ODU pertenciam?
A Numerologia é uma ciência completa e eficiente, mas de origem absolutamente diversa do Oráculo de Ifá, ao qual é estranha.
Sabemos que os algarismos correspondem à potências e energias que atuam efetivamente sobre o destino do homem, mas isto nada tem a ver com o Ifá. Se os cálculos matemáticos funcionassem dentro do nosso sistema oracular, a coisa seria simplificada de tal forma, que poderíamos jogar fora os búzios, opele, aiyo e os ikins e substituí-los por calculadoras ou computadores que, com o simples acionar de algumas teclas, nos dariam as respostas desejadas.